As mudanças na sociedade e no mercado empresarial eram lentas e uniformes até o meado do século XXI. No entanto, com o avanço tecnológico, a abertura dos mercados influenciados pela economia, política e a própria sociedade, por exemplo, trouxeram consigo uma nova forma de negociar e, consequentemente, administrar uma empresa (LOBATO, 1997, p.47).
A proposta deste artigo não é criticar os modelos de administração utilizados e defendidos anteriormente. O que se discutirá aqui serão os modelos de gestão utilizados pelas empresas até chegar o modelo de Gestão Estratégica. Cada modelo, em seu tempo, foi importante para a atuação das empresas no mercado. Porém, eles, notoriamente, foram evoluindo em resposta às mudanças do mercado. Gluck, Kaufmann e Walleck citados por Lobato (1997) apresentaram um modelo da evolução do planejamento estratégico onde, na década de 50 era utilizado o planejamento financeiro, na década de 60, o planejamento a longo prazo, na década de 70, o planejamento estratégico, na década de 80, a administração estratégica e finalmente, na década de 90, a administração estratégica/competitiva.
Segundo Lobato (1997), nota-se que na década de 70 a palavra estratégica foi agregada à palavra planejamento, porém, o modelo de planejamento continuou sofrendo evolução. Na administração estratégica competitiva a empresa define sua missão e possui uma visão holística da empresa. Definir sua missão pode ser um fator positivo. A Petrobrás, por exemplo, define sua missão da seguinte forma:
Atuar no mercado de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua. (PETROBRAS, 2013)
A Visão 2020 da Petrobrás é descrita por ela mesma da seguinte forma: “Seremos uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos de interesse”. (PETROBRAS, 2010) Note que, nem em sua missão, nem em sua visão, a Petrobrás menciona a palavra petróleo, que é hoje o seu principal produto. A Petrobrás deseja vender mais do que combustível, neste caso petróleo. A empresa deseja vender energia, estar entre as 5 maiores empresas do ramo no mundo e também ser a preferida de seu público-alvo. Percebe-se com este exemplo que a missão de uma empresa deve ir além dos produtos e serviços que vende e que a sua estratégia necessita levar este fator em consideração. (LOBATO, 1997)
Também são consideradas na administração estratégica competitiva a visão estratégica, o alinhamento com a missão da empresa, a adaptação a tendência de globalização, o domínio da tecnologia da informação e a compreensão das mudanças como uma oportunidade. Lobato (1997) acredita, no entanto, que a visão holística é um problema para a empresa. Pois ao ver os processos como um todo, os gestores podem não perceber as particularidades de cada processo separadamente. O que pode dificultar correções, alterações, criações e até mesmo exclusões nos processos que não correspondem às expectativas da empresa.
Costa (2002) complementa que há várias formas de encarar o futuro nas organizações. Estas formas sofrem influências da percepção que os dirigentes das empresas possuem do mundo e que podem refletir pensamentos otimistas e pessimistas. Alguns dirigentes são inflexíveis, outros maleáveis demais em relação ao futuro da organização. Para o autor, o ideal seria atitude estratégica, onde o gestor conseguisse vislumbrar um futuro possível e criasse meios para alcançá-los. Assim, para o referido autor “a visão estratégica que se pretende criar consiste em desenvolver a capacidade de olhar, criticamente, o presente a partir do futuro e não o futuro com os olhos do presente”.
Para estar atento às mudanças que ocorrem nos ambientes internos e externos da empresa Costa (2002) defende que os gestores deverão ter uma mentalidade estratégica e aproveitarem as oportunidades que surgirem para aumentarem a participação no mercado e conseguir agregar valor aos produtos e serviços. A criação de um planejamento estratégico faz com que a empresa responda a estas mudanças freqüentes nas áreas econômicas, políticas, tecnológicas. Mudanças estas que podem ocorrer de forma inesperada e em âmbito nacional e internacional.
As empresas possuem diversos fatores que podem se transformar em obstáculo para a Gestão da Estratégia, tais como a cultura, a estrutura organizacional, má administração. Porém um posicionamento estratégico manteria o foco da empresa permitindo com que toda a estrutura organizacional entenda o que a empresa faz, como fará e aonde quer chegar.
Assim é necessário construir a estratégia da empresa, adaptá-la aos imprevistos que surgem pelo caminho e ter a flexibilidade de alterá-la completamente se preciso. Pois a empresa pode ter um planejamento estratégico para 5 ou 10 anos, porém a volatilidade do mercado, da tecnologia e as mudanças sofridas até mesmo dentro da organização podem alterar o rumo da empresa, alterando sua estratégia, e, em casos extremos, mudando totalmente o foco.
Assim, há um encadeamento de processos que a empresa cria para, por fim, chegar à Gestão Estratégica. Costa (2002) conceitua a Gestão Estratégica da seguinte forma:
O conceito de gestão estratégica é muito mais amplo do que o de planejamento estratégico. Engloba desde as avaliações de diagnósticos e de prontidão, a estruturação do processo de planejar e formular um propósito compartilhado para a organização, a escolha de estratégias, a fixação de metas e desafios, até a atribuição de responsabilidades para o detalhamento dos planos e projetos e para conduzir e acompanhar as etapas de sua implantação (COSTA, 2002, p.54).
Bergue complementa ainda que na gestão a estratégia “refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização.” (Wright et al.apud Bergue, 2013)
A partir dos processos descritos compreende-se que a Gestão Estratégica sofre um constante aperfeiçoamento, com o objetivo de manter a continuidade da empresa no mercado. Esta transformação contínua cria possibilidades de melhoras nos processos da empresa e em seus produtos e serviços.